Em janeiro de 2015 completei 3 anos de vida ativa, ou seja, sem sedentarismo.
3 anos!!! Alguém sabe o que isso significa para uma pessoa que até os 27 anos não conseguia levantar o traseiro gordo do sofá? Significa muito. Muita mudança, muito aprendizado, muita disposição para viver a vida e muita superação, afinal, a emoção ao completar os primeiros Km corridos ou a primeira aula de jump sem parar para retomar o fôlego é única e explicável. Realmente não consigo mais enxergar a minha vida sem suar aquele suor que revigora.
Confesso que desde o acidente de carro que sofri em agosto não estou conseguindo ser tão rigorosa quanto antes na dieta (é psicológico mesmo; estou tentando trabalhar isso). Mas, independentemente disso, lá estou eu na academia! E isso é muito importante para mim, pois, além de "distrair a cabeça", sempre falei que era mais fácil seguir uma dieta muito restritiva do que fazer atividade física regularmente. Isso porque não aguentava correr 100 metros sem morrer! Mas todos sabem que o importante mesmo é o equilíbrio. Então, vamo que vamo nesse binômio!
Com essa mudança aprendi que o suor é terapêutico e antidepressivo. O esporte integra as pessoas e todo mundo pode praticar alguma modalidade. Ou seja, você não precisa ter um corpo de Gabriela Pugliesi para fazer suas atividades físicas e postar foto no Instagram. Basta suar, se divertir e postar, porque a força dos amigos, tanto ao vivo quanto nas redes sociais, é muito importante e nos impulsiona para frente. E dane-se o que os outros pensam.
Adorei esse vídeo que mostra mulheres "de todos os corpos" praticando esportes. Porque a vida de quem faz atividade física é assim mesmo: cheia de caretas e cabelo desgrenhado. Aquele glamour do Instagram das blogueiras fitness só existe naquele mundo, o da publicidade.
Apesar de me identificar demais com o texto inteiro, consegui ultrapassar algumas barreiras e me surpreender bastante... Hoje vestir uma legging de ginástica já não é tão ruim; treinar é um termo rotineiro; pagar mais de 150 reais em um tênis... bom, apesar da dor no coração.. já soa normal; ter amigos na academia e considerar esse momento o melhor do meu dia realmente é inacreditável; correr na esteira é glorificante; a musculação ainda é um desafio; mas as aulas... ahhh essas sim são prazerosas... e quando alguém me diz que fica atrás de mim para copiar o movimento? Mal caibo em mim!! Imagina? Alguém se espelhando naquela que era escolhida por último na educação física?
Concordo com a Ruth Manus. "Não é fácil, eu sei. Ainda mais se estiver chovendo. Ou frio. Ou muito calor. Ou uma bela noite de verão. Ou se for dia do índio. Ou se for época de carambola. Qualquer desculpa é desculpa". Mas são essas pequenas grandes conquistas que nos fazem ter força diariamente. Então, #sanguezoio e #tamojunto ... #3anossemsedentarismo... #orgulhodemim
Segue o texto da Ruth Manus na íntegra:
Socorro! Eu não nasci para ser fitness!
Os eternos inadaptados ao mundo da academia e da boa forma.
Ei, você!
Você que passou cerca de 15 anos da sua vida fugindo das aulas de educação física. Enfermaria, cantina, banheiro, qualquer escapatória era válida.
Você, que quando não conseguia fugir, era sempre o último a ser escolhido para compor as equipes para jogar bola.
Até por isso que a única modalidade na qual você se dava minimamente bem na escola era queimada, porque a única coisa que você precisava fazer era fugir da bola, sua especialidade até os dias de hoje.
Os anos passaram e você se livrou desse inferno. Que alívio.
Ou não.
Agora, se bobear, piorou: agora você paga uma academia, sem que ninguém te obrigue a isso.
E eu sei bem como é ser uma dessas pessoas que se sente mais à vontade num terreiro de candomblé, num centro cirúrgico ou numa mina de sal do que na academia. É realmente um sacrifício.
O pânico já começa na hora de se vestir. Se você é mulher, entrar num legging dá mais medo do que entrar em estacionamento de shopping perto do natal. Quando você enfia os pés dentro dele sua sensação é de que precisava de um número 11 vezes maior e que, se você entrar naquilo nunca mais vai sair, nem com vaselina.
Se você é homem, dry fit é um termo absolutamente desconhecido e sua tendência natural é ir à academia sensualizando de moletom cinza com elástico na barra e camiseta de vereador.
E em ambos os casos: gastar mais do que R$150,00 num tênis te soa como uma verdadeira aberração. (“gente, com 150 reais dá pra comer TANNNTO hamburger”)
Muito bem, se você vencer esta etapa, o que em muitos casos nem chega a acontecer, o negócio começa a ficar sério.
O problema já começa pelo verbo. Você se sente muito ridículo dizendo que vai “treinar”. Cara, eu nem tenho um treino. “Malhar” é pior ainda, fora de cogitação. Sua tendência é dizer que vai “fazer ginástica”, mas não dá, a não ser que você vá até a década de 90 para se exercitar. O jeito é “ir para a academia” mesmo, com o máximo de dignidade possível.
Então você chega naquele local nefasto, denominado academia, faz uma breve oração para que ninguém te dirija a palavra enquanto você estiver lá dentro, respira fundo, pensa em fugir pro boteco da esquina, mas fica firme e entra.
Segue direto para uma esteira- não pode ser tão difícil assim-, sobe e ao apertar “iniciar”, já te bate um semi pânico daquele tranco que a esteira dá quando começa a funcionar.
Mas você sobreviveu, está caminhando, orgulhoso. Então, 5 minutos depois, percebe que está na velocidade 3,6 e a senhora de 95 anos ao seu lado no 6,0. Coloca no 7,5 para não ficar tão feio, mas não sabe se é pra andar rápido, trotar ou correr, por isso começa a fazer movimentos estranhos, um pouco semelhantes aos de um orangotango.
Primata ou não, você conseguiu chegar a 20 minutos. E é claro que esses 20 minutos demoraram 7 horas para passar, enquanto você se perguntava como aquele filho da mãe na esteira ao lado estava há 53 minutos na velocidade 11,5.
Mas é isso aí. Você conseguiu e até já se imagina falando para o mundo, com a maior naturalidade, que já fez sua “corrida” hoje. Praticamente uma São Silvestre.
E lá vai você para a musculação, fingindo não estar tão perdido quanto hare krishna em baile funk, bebendo sua água num squeeze de plástico fosco que ganhou do banco há 13 anos, enquanto vê as pessoas com um tipo de Nescau em copos da Nasa (“whey que fala, né?”)
Senta-se numa máquina vazia qualquer. Mal sabe se aquilo é pra perna, braço, abdômen ou se é um caixa eletrônico. Espeta aquele pino num peso que te parece honesto e sai empurrando a primeira alavanca que vê. Está pesado demais, o negócio nem se movimenta. Vê se não tem ninguém olhando, espeta o pino mais para cima. Tenta de novo. Nada. Coloca o pino no mínimo. Faz 9 repetições e se sente pronto para o octógono do UFC.
Procura halteres. Vai para a frente do espelho (“céus, pareço um imbecil nessa roupa”) e começa a trabalhar bíceps. Ou tríceps. Tanto faz, você não sabe qual é qual. De repente, quase enfarta por causa de um fortão que depois das repetições jogou os pesos no chão e o barulho foi tipo o apocalipse. E nem dá para você se vingar porque pesos de 2kg nem fazem barulho se caírem.
Enfim. Pode ser que você tente fazer uma aula. Zumba, step, jump. A probabilidade de dar certo é de cerca de 1 em 497. Então, aqui vão duas dicas:
1) Fique no fundo. BEM no fundo. Se for possível, atrás de uma pilastra e com aqueles óculos de disfarce que já vem com um bigode.
2) Quando, na coreografia, você achar que é pra ir para a direita, vá para esquerda e quando achar que é para a esquerda, vá para a direita. Costuma funcionar. Mas, cuidado, se tiver uma “voltinha” ou uma viradinha de 360 graus na coreografia, não faça. Vá por mim, experiência própria, quando você voltar ao ponto inicial a música já vai ter mudado ou se bobear aquela aula já acabou e já tá rolando uma sessão de yoga. Sério, não faça isso.
Não é fácil, eu sei. Ainda mais se estiver chovendo. Ou frio. Ou muito calor. Ou uma bela noite de verão. Ou se for dia do índio. Ou se for época de carambola. Qualquer desculpa é desculpa.
Mas é isso aí, vamos tentando, porque depois dos 25 ninguém mais está com a vida ganha.
E chega o dia em que o medo do espelho, da balança e das fotografias é maior do que o medo da academia. E então estaremos salvos. Vai dar tudo certo.
Se cuidem, blogueiras fitness, tô na área.